quinta-feira, 25 de outubro de 2018

INFERNO/CÈU

O Mestre Hakuin foi chamado à presença de um Daimyo para explicar o significado entre o Céu e o Inferno.

Ao ouvir a pergunta, o monge Zen simplesmente desviou o olhar e ficou olhando para o lado quieto. Após um período de templo de silêncio na sala, o Samurai, começou a ficar irritado com a falta de educação do monge.

"Como pode fazer tal insulto, vai explicar ou não?" - disse o Daimyo


"Explicar o quê? Não adianta falar para uma pessoa teimosa e de pouco conhecimento, para isto, não tenho o que falar." - retrucou o monge.

O senhor guerreiro ficava cada vez mais irritado, com seu rosto vermelho de tanta raiva, seus lábios tremiam ao dizer: "Já que é assim, vais morrer por minha espada, cão insolente."

Calmamente, quando a espada se aproximava de seu pescoço, Mestre Hakuin falou serenamente: "Isto é o Inferno, você está nele."

O Samurai parou prontamente o movimento, e seu rosto se iluminou por compreender que o Inferno estaria dentro da sua mente, seu corpo teve várias reações advindas da raiva, que ele aceitou quando achava que o monge estava fazendo escárnio dele.

"Ah! Que bom Mestre, sinto-me aliviado; muito agradecido pela lição." - disse o Samurai.

"Agora estás vivenciando o Céu." - disse Mestre Hakuin e se foi.

Nesta parábola, Mestre Hakuin percebeu que não tinha como explicar por palavras situações que só podem ser vivenciadas, ele apenas apontou e o Samurai é que percebeu cada situação por si próprio.


conto zen 

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O EU

Certo dia, o Imperador, soube que um grande sábio estava perto de seu palácio e mandou chamá-lo. Assim que o Mestre chegou, foi levado à presença do Imperador, e este fez-lhe uma pergunta:

"Mestre, aonde fica localizado o Eu? Como o senhor definiria o Eu?"

O sábio olhou a sua volta e pediu ao Imperador para irem às portas do Palácio, para poder exemplificar; lá chegando, disse:

"Por favor, peça para trazerem aquela carroça que está lá ao fundo."

Quando a carroça chegou, puxada pelos cavalos, o Mestre perguntou:
"Venerável Imperador, me diga, o que é isso?"

"Uma carroça, é claro." - respondeu o Imperador.

O mestre pediu, então, que retirassem os cavalos que estavam atrelados à carroça; feito isto perguntou: "Os cavalos são a carroça?"

O Imperador respondeu que não, são apenas cavalos. O mestre, agora, pediu que as rodas fossem retiradas, e perguntou:
"Venerável Imperador, as rodas são a carroça?"

Novamente o Imperador disse que não. Pedindo para retirarem os assentos, o monge pergunta: "Me diga, meu Imperador, estes assentos agora são a carroça?"

Mais uma vez, o Imperador disse que não. Retirado o eixo, o Mestre pergunta: "Este eixo seria a carroça?"

Mais uma vez o Imperador, diz que não e já começa a ficar impaciente com o sábio. Quando o monge pergunta se o que restou é ainda uma carroça, o Imperador respondeu: "Claro que não, retiradas todas as partes, a carroça não existe mais."

"Então, da mesma forma, a carroça estava perante nós, ela existia para nós, porém, bastou separar as suas partes, que ainda estão diante de nós, para não reconhecermos com o que chamávamos de carroça. o Eu, da mesma maneira, não pode ser definido por suas partes; não está aqui, não está lá. O Eu não pode ser encontrado em parte alguma. Ele não existe, é apenas uma ilusão; uma aparência. " - explicou o Mestre.


Conto Zen

terça-feira, 23 de outubro de 2018

TAO


Certo dia, um aprendiz pergunta ao mestre como seria a prática do Zen. 
Sem se virar, o mestre responde: 

O Zen é o Agir sem Agir, é o Mui (Wei wu Wei, do Taoismo). Esta prática, diária, nos harmoniza com o Tao (Do), nos proporcionando um Regresso Precoce à Fonte. Este Caminho se faz serenamente, sem esforço, sem tensão, sem interferir com o fluxo dos factos e acontecimentos. Wei wu Wei é uma ação Não-Dual.”

“Mas como posso fazer isto sem esforço?”, pergunta o rapaz.

“O principio do Tao é a ação do acontecer por si mesmo: é ser a prática e não praticante, ser musica e não músico, ser observação e não observador. O Tao é algo que não temos como desviar, se podemos desviar, então não é o Tao.” –continua o mestre. “Este principio, não pode ser ensinado através da palavra, apenas sendo a não-ação é possível compreendê-la e assim colhemos seus benefícios.”

“Só você mesmo é que pode experimentar o que te digo: esquece desejo, emoção, esforço; não se oponha ao Fluxo do Tao, a Natureza das coisas e eventos. O Desejo obstrui nossa capacidade de compreender o Caminho, então seja como um riacho a caminhar em direção ao oceano, pacifico e aceitando ser o trajeto; ele vive o seu trajeto, cada momento mas não tenta antecipar vivenciar o oceano. O riacho não se move porque ele assim o deseja, é a sua natureza; assim como o riacho, deixe-se ir em direção ao Tao.”

O jovem novamente pergunta; “Mas Mestre, por que então o estudo e a prática?”

Olhando para o jovem ávido de aprender, o Mestre continua:

“Na verdade, tudo leva a uma caminhada, até o instante em que te descobres sendo o Caminho, então todas as oposições cessam e aí deixa todas as memórias para traz. Tudo, o que aprendeste e o estudo é esquecido, até de ti mesmo; assim como o riacho se dissolve no oceano,tu dissolves-te no Tao. Tudo vem do Tao e para ele retorna, aliás, dele nunca saímos(é como o centro do Baguá, por isso se designa por Tao). 

Então lembre-se, O Caminho que pode ser descrito, não é o Caminho: O Do só pode ser vivido e não há como descrevê-lo. Quem descreve o Caminho, jamais esteve nele; quem está Nele, reconhece quem está.”

Boa reflexão.

Oss.

Baseado nos artigos sobre Zen, Taoismo e Não-Dualidade.